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O Montado de sobro

Da harmonia dos elementos que compõem a paisagem das herdades RG Rovisco Garcia, a floresta é o que mais se destaca. Nela, como é de uso nestas partes do Alentejo, predomina um dos mais ricos ecossistemas do mundo: o montado de sobro, exemplo de gestão florestal sustentável a nível global.

Em Portugal encontra-se 34% da área mundial de montado de sobro. São aproximadamente 736 mil hectares, ou seja, 23% da área de floresta nacional dedicada à subericultura, o sistema multifuncional criado pelo homem em torno do sobreiro, combinando práticas silvícolas, agrícolas e de pastoreio.

 

Até à década de 90 do século XX a RG Rovisco Garcia seguiu o padrão da região, assentando a sua actividade no montado de sobro e nos seus produtos tradicionais — a cortiça e a pecuária extensiva.

Então, com o novo milénio à porta e a vontade de diminuir a dependência dos produtos do montado, traçou-se um novo rumo.

Reorganizámos e reduzimos a exploração pecuária e o montado acolheu espécies cinegéticas de impacto mais reduzido, como o corço, o javali, os tordos e os pombos.

Diversificaram-se culturas e actividades, com a plantação de vinha e olival a criar as bases para a comercialização de vinhos e azeites com a marca RG Rovisco Garcia.

A inequívoca opção por uma gestão responsável e pelas melhores práticas agro-florestais haveria de produzir os seus frutos, sob a forma de uma maior biodiversidade e de uma regeneração natural mais pujante. Aqui, sempre se valorizaram, a par da vertente económica e social do montado, as suas funções ambientais: como barreira à desertificação, porque conserva os solos, regularizando o ciclo hidrológico e a qualidade da água; como fixador de carbono e libertador de oxigénio; como habitat de numerosas espécies de fauna e flora, algumas delas em situação de vulnerabilidade ou ameaçadas de extinção.

Desta visão acabou por nascer uma nova actividade intimamente ligada à floresta e a este ecossistema único: o Turismo de Natureza na RG Rovisco Garcia.

A Cortiça

“Vinhas das minhas, olivais dos meus pais e montados dos meus antepassados” – ditado popular alentejano

“O valor do montado de sobro não se fica pelas terras. Dele nasce a cortiça, material utilizado nas mais diversas indústrias por um conjunto de propriedades que nenhuma tecnologia conseguiu até hoje superar ou replicar.

Extraída dos sobreiros sem danificar ou comprometer a saúde da árvore, a cortiça é uma matéria-prima 100% natural, 100% reutilizável e 100% reciclável. É no seu valor comercial que assenta a sustentabilidade e a preservação do montado.

A sua mais antiga e tradicional aplicação é como vedante natural, nomeadamente no fabrico de rolhas para os melhores vinhos e espumantes.

Mais recentemente, as suas qualidades — isolamento térmico e acústico, impermeabilidade a líquidos e gases, leveza e resistência ao atrito, elasticidade e compressibilidade — impuseram a cortiça como componente de eleição em materiais de construção e em aplicações que vão desde o vestuário até à indústria aeroespacial ou à saúde.

Ameaças

O montado de sobro enfrenta, em Portugal e nas restantes áreas onde ocorre, um sério risco de declínio, nomeadamente por efeito das alterações climáticas. A produção de cortiça vê-se assim perante um enorme desafio. A RG Rovisco Garcia orgulha-se de participar activamente na busca de soluções que possam garantir o futuro e a sustentabilidade deste recurso natural e do ecossistema de onde provém.

Falar de um montado é falar de tempo. Muito tempo. A primeira vez que se pode extrair a casca a um sobreiro é quando este atinge vinte e cinco anos de idade. Só então atinge as dimensões que permitem a operação de tiragem, a que se chama desbóia. A cortiça obtida, denominada cortiça virgem, é muito dura e irregular. Não serve para a produção de rolhas e por isso é habitualmente granulada para utilizações de valor muito inferior, nomeadamente na construção civil.

Seguem-se nove anos até à extracção da secundeira, a segunda “colheita” de cortiça. Apesar de mais regular, esta cortiça ainda não apresenta a qualidade necessária para vir a ser rolha. Só a partir da terceira tiragem, depois de mais nove anos, se obtém finalmente a amadia, a cortiça mais macia e regular, de costas e barrigas mais lisas, que pode ser usada com maior valor acrescentado, como rolha. O sobreiro manterá então a sua produção de cortiça por uns cento e cinquenta anos, em média, mas sempre a espaços de nove anos.

A enorme extensão destes ciclos e o risco de declínio dos montados condicionam e comprometem seriamente toda a indústria da cortiça. Na RG Rovisco Garcia, a par das melhores práticas na floresta, teve início e decorre actualmente uma experiência pioneira que já deu sinais muito positivos.

Os sobreiros regados

Para lutar contra o risco de declínio dos montados, em 2003 iniciou-se uma experiência com sobreiros de regadio, até à data com resultados muito positivos.

O pinhal manso

70 hectares de pinhal manso completam a paisagem de floresta das herdades Rovisco Garcia. Espécie característica da bacia do Mediterrâneo, o pinheiro manso produz madeira muito resistente à humidade e, por isso, com diversas aplicações. A casca, rica em taninos, era tradicionalmente utilizada para curtir peles. A semente, o pinhão, é um ingrediente emblemático da cozinha mediterrânica, extremamente valorizado como aperitivo.

As pinhas aqui produzidas, tal como a cortiça proveniente dos sobreiros do nosso montado, têm a certificação de proveniência de florestas geridas de forma responsável.

As herdades do Conqueiro e Monte Novo fazem parte do grupo CERTIBEI, certificado segundo os referenciais FSC® (Forest Stewardship Council®) (FSC-C105877) e PEFC™ (Programme for the Endorsement of Forest Certification™).